12/09/2013

Uma pergunta.

Quase todo dia atendo alguém que se diz decepcionado(a) com a vida. Creio que não se trata de decepção com a vida mas de desapontamento com as pessoas que, às vezes, fazem com que nos sintamos como “estranhos no ninho”.

Essa manhã, em minha caixa de mensagens, encontrei esta:

“Heráclito e Demócrito foram dois grandes filósofos gregos da Antiguidade. Diante da miséria humana, Heráclito chorava. Demócrito ria. No correr dos dias nós vemos uma série infinita de absurdos e de patifarias. Alguém a quem você fez bem retribui com ódio. A inveja parece onipresente. Você tropeça e percebe a alegria mal disfarçada dos inimigos e até de amigos. (Palavras do frasista francês Rochefoucauld: sempre encontramos uma razão de alegria na desgraça de nossos amigos). A hipocrisia é dominante. As decepções se acumulam. Até seu cachorro se mostrou menos confiável do que você imaginava. Em suma, a vida como ela é. Diante de tudo isso, as alternativas estão basicamente representadas nas atitudes opostas de Heráclito e Demócrito. Você pode chorar. E dedicar o resto de seus dias a movimentos que alternam gemidos de auto piedade e consumo de antidepressivos de última geração. Ou então você pode rir. Sêneca comparou a atitude de Heráclito e Demócrito para fazer seu ponto: ria das coisas, em vez de chorar.

Mesmo o alemão Schopenhauer, o filósofo do pessimismo, reconhece sabedoria na jovialidade. No seu livro Aforismos para a Sabedoria de Vida, Schopenhauer, que viveu no século XIX, escreveu: “Acima de tudo, o que nos torna mais imediatamente felizes é a jovialidade do ânimo, pois essa boa qualidade recompensa a si mesma de modo instantâneo. Nada pode substituir tão perfeitamente qualquer outro bem quanto essa qualidade, enquanto ela mesma não é substituível por nada”.

Paulo Nogueira”

Por favor, me ajudem a pensar… Se, cada vez mais, me deparo com pessoas que lamentam as mazelas e misérias humanas porque temos a impressão de que “a coisa vai de mal a pior”?

28/04/2013

Compaixão 2.

Em um canal de TV a cabo uma vinheta cômica diz:

“Rir é saudável, não é preciso ser médico para saber disso.”

Também não precisei me tornar médico para saber que meditar é saudável, mas saber que estimula diretamente a compaixão é alentadora novidade.

Para tudo que o ser humano pode fazer existem neurônios, em áreas especificas do cérebro, que precisam ser ativados; assim é para andar, falar, escrever, ver, ouvir e também sentir compaixão. Se as estruturas físicas estiverem íntegras ver e ouvir é automático, compreender o que é visto e ouvido depende de aprendizado; para andar e falar é necessário aprender mas é praticamente automático porque (quase) todas as pessoas fazem isso e as imitamos; já aprender outra língua exige interesse e empenho; e quanto à compaixão?

Compassividade é sentimento/comportamento que temos de aprender e desenvolver, e os neurônios responsáveis encontram-se no córtex pré-frontal ventromedial do cérebro que, até onde sei, representa a estrutura mais nobre e recente no processo evolutivo da espécie humana… Toda espécie desenvolve, exclusivamente, os atributos necessários para sua sobrevivência, nada é supérfluo, portanto é correto entender que se nossa espécie desenvolveu as estruturas necessárias para sermos compassivos é porque nossa sobrevivência depende também disso… Empatia e compaixão equilibrando o poder destrutivo do homem… Saber que meditação colabora com nossa evolução e sobrevivência é realmente alentador.

È necessário meditar, não é preciso ser médico para saber disso!

20/04/2013

Compaixão.

Recebi de um colega homeopata o texto abaixo:

“A meditação parece ser uma prática tão benéfica que os cientistas têm-se perguntado "Por que a meditação tem tantos efeitos positivos?".
Ainda assim, a maioria dos pesquisadores tem dado atenção aos benefícios da meditação sobre o cérebro e o corpo, ou seja, sobre o hardware.
Paul Condon e David DeSteno, da Universidade Northeastern (EUA) queriam ir além do corpo, olhando para o "software" humano.
Eles então projetaram um estudo para avaliar se a meditação pode ter um impacto sobre aspectos mais espirituais, como a compaixão e a harmonia interpessoal.
Várias tradições religiosas, sobretudo o budismo, afirmam que a meditação faz exatamente isso, mas os cientistas precisam de suas tradicionais "provas", do tipo que possam ser repetidas por outros pesquisadores de forma sistemática.
No conceito budista, a compaixão é geralmente definida como a capacidade que alguém apresenta para sentir plenamente a situação de uma outra pessoa - de forma mais ampla, de todas as outras pessoas e de todos os seres vivos.
Cenário cruel
Os voluntários foram divididos em grupos, e submetidos a dois tipos de prática de meditação, ambos com duração de oito semanas.
Ao final, eles foram submetidos a testes para avaliar seus níveis de compaixão e interesse pelo sofrimento alheio.
O teste consistiu em um cenário em que um ator entrava com demonstração de dor para participar
daquilo que os voluntários acreditavam ser apenas mais uma etapa do estudo.
Além de não saberem que estavam junto a atores e nem que estavam sendo testados, os participantes foram instruídos a não fazer contato com nenhuma outra pessoa na sala.
Mais do que isso, a sala estava cheia de outros atores, instruídos a não ajudar o indivíduo com dor - assim que ele entrava, os demais atores disfarçavam olhando um livro ou mexendo com o celular.
Aí está a prova
Entre os participantes do grupo de controle, que não tiveram qualquer treinamento de meditação, apenas 15% tentou ajudar o ator que chegava aparentando sofrimento.
Entre os meditadores, o nível de auxílio chegou aos 50% - o resultado foi o mesmo para os dois tipos de meditação avaliados.
"O aspecto verdadeiramente surpreendente deste resultado é que a meditação tornou as pessoas dispostas a agirem virtuosamente - ajudando o outro que estava sofrendo - mesmo em face de uma norma direta para não fazê-lo," disse DeSteno.
"O fato de que os outros atores estavam ignorando a dor cria o 'efeito espectador' que, normalmente, tende a reduzir a disposição para ajudar. As pessoas muitas vezes se perguntam 'Por que eu deveria ajudar alguém, se ninguém está fazendo isto?'," comenta o pesquisador.
Estes resultados parecem provar algo que os budistas têm dito há muito tempo, que a meditação
leva as pessoas a experimentar mais compaixão e mais amor por todos os seres sencientes.
Mas, mesmo para os não-budistas - nenhum dos participantes era budista e nem havia feito meditação antes - os resultados oferecem uma prova científica de que a meditação altera positivamente as avaliações morais dos indivíduos.”

Para que esta postagem não fique muito longa deixo meus comentários para a próxima… Obrigado por sua visita e até lá!

14/04/2013

MOVIMENTO ZEITGEIST.

Recebi, de um amigo, comentários sobre o Movimento Zeitgeist , o assunto me interessou sobremaneira e comecei a ler à respeito; logo encontrei opiniões favoráveis e contrárias. Como todo médico homeopata está acostumado a que seu próprio trabalho seja motivo de polêmicas resolvi publicar o prefácio do livro The Zeitgeist Movement e deixar a cada um a decisão de se aprofundar, ou não, no tema.

Prefácio

O Movimento Zeitgeist é o braço ativista do Projeto Venus, o qual compreende o trabalho de toda uma vida do designer industrial e engenheiro social Jacque Fresco. Jacque atualmente mora em Venus, Flórida, onde trabalha lado a lado com sua sócia Roxanne Meadows. Agora, que se faça compreendido que o senhor Fresco será o primeiro a lhe dizer que suas perspectivas e avanços não são inteiramente seus, mas tão somente frutos da evolução da investigação científica, preservada desde a aurora da antiguidade.

Em termos simples, o que o Projeto Venus representa e o Movimento Zeitgeist, portanto aprova, poderia ser resumido em: "aplicação do método científico em benefício social".

Através da aplicação humana da ciência e tecnologia para o design social e a tomada de decisões, nós temos os meios para transformar nosso ambiente tribal, voltado à escassez e repleto de corrupção em algo extremamente mais organizado, equilibrado, humano, sustentável e produtivo.

Para fazer isso, temos de compreender quem somos, onde estamos o que

somos e como vamos alcançar nossas metas.

Dado o corrente estado das atualidades, muito do que abordaremos na primeira parte deste livro, o leitor pode achar que nós não apenas desejamos tomar outro rumo.

Temos de fazê-lo. O atual sistema econômico está desmoronando num ritmo acelerado, com a expectativa de desemprego aumentando numa escala nunca vista antes ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, estamos chegando ao "fim da linha" no que diz respeito à destruição do meio-ambiente.

Está provado que nossos atuais métodos de conduta social não têm chance

de resolver problemas como à destruição ambiental, os conflitos humanos, a pobreza, a corrupção e qualquer outro que reduza a possibilidade de

sustentabilidade humana coletiva em nosso planeta. Está na hora de crescermos enquanto espécie e realmente examinarmos quais são nossos verdadeiros problemas e suas soluções, por mais desconfortáveis, não tradicionais e estranhos que eles possam parecer.

Esta obra irá primeiramente apresentar os atuais problemas econômicos que enfrentamos, reconhecendo suas raízes, conseqüências e inevitabilidades, apresentando em seguida soluções derivadas de uma avaliação do que é de fato relevante para a vida e a sociedade. Além disso, serão providenciadas informações sobre como cada um de nós pode ajudar neste desafio, assim como a apresentação de métodos de comunicação e ativismo que, com sorte, acelerarão o processo de transformação.

É muito importante àqueles que começarem esta leitura fazer uma pausa e pensar sobre a janela de perspectiva na qual foram doutrinados. Considerando a atual vastidão dos valores e ideologias humanos, somada à identificação com uma específica linha de pensamento, tradição ou noção de realidade que cresce com o tempo, pode ser difícil e até doloroso para uma pessoa rever ou remover seus estimados conceitos que considerou como  verdades por muito tempo.

Essa associação "egoísta", combinada a um estado perpétuo de "conhecimento limitado" que cada um de nós possui, será o maior obstáculo que muitos enfrentarão quando lerem as informações aqui presentes.

É hora de ampliarmos nossa lealdade e filiações para além dos estreitos confins do mercado, da tradição e da nação-estado para abrangermos a espécie humana como um todo, juntamente com o ambiente planetário que sustenta a todos nós.

Está na hora de vermos a Terra como um conjunto orgânico inseparável, uma entidade viva composta por incontáveis formas de vida, todas unidas numa única comunidade.

Se a própria natureza nos ensinou alguma coisa, foi que a única constante é a mudança. Não existem utopias. Por isso, para crescermos produtivamente enquanto espécie, temos de nos tornar especialistas em "mudar nossas ideias" a respeito de tudo. Se você escolher abordar este material com um esforço consciente para manter a mente aberta e ser objetivo, sentimos que as ideias aqui expressas irão realinhar sua visão de mundo, você mesmo, e o futuro de sua família de uma forma mais produtiva, humana e eficaz.

A obra, na íntegra, se encontra em: http://pt.scribd.com/doc/53695622/Guia-de-Orientacao-ao-Ativista-O-Movimento-Zeitgeist

20/01/2013

Jeito de ser.

Hoje cedo, sentado diante um monte de livros… pensamentos errantes… meus olhos foram atraídos por um título: Contos Plausíveis*, abri o livro em uma página qualquer e me deparei  com o conto Maneira de Amar…

 

“O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.

Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.

O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.

Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "Você o tratava mal, agora está arrependido?" "Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava"

 

É bem verdade que cada um ama e age de um jeito que lhe é próprio; pena que nem sempre conseguimos perceber o amor alheio e, também, raramente consideramos a possibilidade de mudar nosso jeito de demonstrar amor quando ele não é adequadamente percebido.

 

*Contos Plausíveis – Carlos Drummond de Andrade – José Olympio Editora – Rio de Janeiro – 1981.