18/09/2010

Medicamentos – Serpentes.

image Símbolo dual do bem e do mal as serpentes exercem, desde sempre, um fascínio que deu origem a mitos e lendas ao redor do mundo:

No folclore brasileiro o Boitatá, cobra que cospe fogo, protege as matas dos incêndios, queimando as pessoas que os provocam; também faz parte de nossas ‘estórias’ a “Cobra que mama”; ela coloca o rabo na boca do recém nascido enquanto suga o leite da mãe que nada percebe.

Ouroborus Símbolo de renovação e regeneração por, periodicamente, mudar de pele e ressurgir renovada, também deu origem ao mito universal do Ouroborus, serpente que forma um anel por ter na boca a própria cauda, representando o que nunca termina e que sempre se renova.

A Kundalini, ‘serpente enrolada na base da coluna vertebral’, representa o poder espiritual primordial, uma energia transformadora que trabalhada se expande em direção aos chakras superiores, para alcançar o objetivo maior do Yoga que é a paz interior e realização divina ou samadhi.

Por sua influência sobre Eva nos jardins do Éden, representa a sedução e também a desobediência às leis Divinas sendo, por esse motivo, associada a uma representação do mal.

Na medicina, “A contraposição de duas serpentes, como no caduceu de Mercúrio, indica o equilíbrio de forças, a contraposição da serpente domada (força sublimada) à selvagem (bem e mal, saúde e doença). Esta imagem repetida também inclui, como assinala Jung com muita acuidade, o pressentimento da homeopatia, a cura por aquilo que causou o mal.” (1)

E, de fato, nos medicamentos homeopáticos a cura também a partir desses venenos usualmente fatais, sendo que... “Quanto maior o veneno, maior o remédio; e alguns dos medicamentos de ação mais rápida e heróica em doenças desesperadoras são os venenos de cobra. Eles curam, claro, somente as condições que eles produzem; mas, quando usados com o propósito de curar, estes venenos devem ser dados em doses pequenas e inócuas; e somente para pessoas cujos sintomas (físico,mental ou moral) lembram os sintomas do veneno. Neste caso o poder curativo é surpreendente.” (2)

Parte integrante de totalidades sintomáticas características de cada um deles, os medicamentos oriundos destes venenos apresentam no 'mental':

Lachesis - “Kent diz: 'egocentrismo, presunção, inveja, ódio e crueldade; um excessivo amor próprio. Todos os tipos de insanidade impulsiva; ...'. Mas dentro da insanidade real que ele descreve, certas coisas sobressaem, indicando Lachesis. CIUMENTO, DESCONFIADO;”(2) e, sem dúvida, loquacidade.

Crotalus horridus - “Desconfiado e mordaz; loquacidade...resmungará, confundirá e hesitará nas palavras... um grave estado passivo com embriaguez;” (2)

Elaps corallinus. - ”Desatenção. Depressão de espírito, desejo de solidão. Medo de ficar sozinho, como se algo terrível pudesse acontecer. Irritado consigo mesmo, não deseja falar”. (3)

“Deprimido, imagina ouvir alguém falando. Medo da chuva. Medo de sofrer um derrame. Pode falar, mas não podem entender sua fala.” (4)

Naja tripudians “Medita constantemente sobre problemas imaginários. Insanidade suicida. Deprimido. Aversão a falar. Fala de modo ininteligível. Melancolia. Teme ser deixado sozinho. Medo da chuva.” (5)

(1) – Dicionário de símbolos – Juan - Eduardo Cirlot.                         (2) – Retratos de Medicamentos Homeopáticos – Margaret L, Tyler.   (3) – Text Book of Materia Medica. – Adolph Lippe.                           (4) – Devendra Kumar – http/homeoresearch.blogspot.com/2010/01/elaps-corallinus.html                                                                                  (5) – Matéria Médica Homeopática – Boericke.